Manipulação Genética

segunda-feira, 26 de março de 2012

Introdução
A palavra manipulação, que dá origem ao presente trabalho, está associada a controlar diretamente ou indirectamente um objecto, animal ou pessoa para actuar de uma determinada forma de acordo com os desejos do agente manipulador. Com a evolução genética surgiram novos ramos de trabalho, sendo um caso desses a Manipulação Genética.
Engenharia Genética e Modificação Genética, que serão termos abordados com o decorrer do presente trabalho, estão diretamente relacionados com o processo de manipulação dos genes num organismo. Geralmente, envolvem o isolamento, a manipulação e a introdução de DNA num denominado “corpo de prova”. O objectivo é a introdução de novas características num ser vivo para aumentar a sua utilidade, bem como “alargar” a área de uma espécie de cultivo, introduzindo uma nova característica, ou produzindo uma nova proteína ou enzima. A modificação genética, um tema muito em voga nos meios de comunicação social, sendo encarada pela opinião pública, como uma ameaça ao futuro dos seres vivos. Contudo, para quem trabalha em ciências biológicas, a mesma não é mais que uma ferramenta crucial que visa aumentar exponencialmente a aquisição de conhecimentos e por conseguinte salvar muitas vidas.
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Numa sociedade em que os direitos dos animais são cada vez mais considerados, os investigadores são confrontados com dúvidas sobre o que é eticamente correcto.
Deverá ser ignorado o bem-estar animal em prol do homem, ou o benefício humano a bem dos direitos dos animais? Quais são os limites?
Entre outras questões, este trabalho visa responder a tudo que esteja relacionado com manipulação genética, engenharia genética e outras questões pertinentes para o presente objecto de estudo.
Engenharia Genética
A engenharia genética é o termo usado para descrever algumas técnicas modernas em biologia molecular que vem a revolucionar o antigo processo da biotecnologia. Pode também ser definida como o conjunto de técnicas capazes de permitir a identificação, manipulação e multiplicação de genes em organismos vivos, é uma ciência recente que tem possibilitado a realização de experiências na área da genética, com resultados bastante surpreendentes sobre a vida.
A Engenharia Genética consiste na utilização de tecnologias que permitem alterar o genoma de organismos, inserindo um ou mais genes no DNA, ou silenciando a expressão de um gene já existente. O objectivo da engenharia genética é adicionar ou retirar características de seres vivos para benefício do homem.
Técnicas de Engenharia Genética
As técnicas utilizadas incluem a selecção de um gene de um organismo X, o seu isolamento, a sua manipulação, a sua reintrodução no genoma de um organismo Y e finalmente a expressão desse gene na produção de uma nova proteína e consequentemente de uma nova característica no organismo Y que foi geneticamente modificado.
Um dos exemplos mais conhecidos é a modificação genética de bactérias, com a introdução de um gene que permite que essas bactérias produzam insulina humana, uma hormona para tratamento da doença diabetes.
Outro exemplo muito conhecido é a introdução de genes em plantas para que estas adquiram resistência ao ataque de pragas. Algumas plantas podem sofrer graves ataques de pragas quando são cultivadas em regiões propícias para a propagação intensa de alguns insectos. A engenharia genética pode ser utilizada neste caso para introduzir nas plantas um gene de uma bactéria que permite à própria planta produzir toxinas Bt para combater insectos específicos, como as brocas do milho. A única planta geneticamente modificada permitida para cultivo em Portugal e na Europa, o milho Bt MON810, é um desses exemplos.
Aplicações da Engenharia Genética
Os organismos geneticamente modificados (OGM) são as aplicações mais conhecidas da engenharia genética. Existem muitas aplicações biotecnológicas da modificação genética possíveis, por exemplo, vacinas orais produzidas nas frutas. Estas pela simplicidade de produção têm baixo custo. Isto representa um desenvolvimento das modificações genéticas para usos médicos e abre uma porta ética para o uso da tecnologia para a modificação de genes humanos. Uma das maiores ambições de alguns grupos de pesquisadores é a possibilidade da melhoria das capacidades humanas físicas e mentais pelo uso da engenharia molecular. Graças à engenharia genética é possível a produção de determinados medicamentos, tais como: insulina, para as diabetes e a utilização de células-tronco em pesquisas para tratamento de doenças degenerativas.
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Células-tronco
Importância das Células-tronco
A importância das células-tronco deriva de seu potencial para se transformar em qualquer célula ou tecido de um organismo, o que é especialmente promissor para o tratamento de doenças degenerativas.
As células tronco são capazes de se dividir e transformar em qualquer outro tipo de célula, um verdadeiro tesouro do organismo.
Há dois tipos de células-troncos encontrados naturalmente: as células-tronco embrionárias, que como o próprio nome diz, vêm do embrião; e as adultas, encontradas principalmente na medula óssea e no cordão umbilical.
Estas células estão presentes apenas nos primeiros estágios da formação de um organismo.
As células-tronco adultas são menos versáteis que as células embrionárias, no entanto, já estão a ser aplicadas na medicina para o tratamento de diversas doenças. O mais comum é o tratamento da leucemia, através do transplante de medula óssea. Alguns cientistas dão passos no tratamento da esclerose múltipla lateral amiotrófica, uma doença bastante grave.
Aplicação das Células-tronco
O estudo e a manipulação tecnológica de células-tronco poderão dar origem a terapias para o tratamento de diversas doenças, para a recuperação de pessoas paralisadas em acidentes e, até, para a criação de tecidos para transplante.
. No cérebro - Regeneração de neurónios perdidos pelo mal de Parkinson e o mal de Alzheimer, entre outros problemas neurológicos.
. Nos ossos - Cicatrização de fracturas e tratamento da osteoporose.
. No pâncreas - Recuperação da produção adequada de insulina, curando o diabetes.
. Na coluna - Tratamento de lesões, recuperando pacientes paraplégicos, e também da esclerose múltipla e da esclerose lateral amiotrófica.
. Nos órgãos sexuais - Tratamento contra a infertilidade para casais que não conseguem engravidar.
. No coração - Recuperação de áreas enfartadas e tratamentos de insuficiência cardíaca.
. Nos olhos - Recuperação da visão em idosos e pessoas com problemas de retina.
Polémica das Células-tronco
A maioria dos cientistas concorda que a forma mais promissora das células-tronco para o estudo e o desenvolvimento de terapias é a embrionária.
No entanto, a extracção dessas células leva à destruição de um embrião humano. Muitas pessoas acreditam que o embrião já tem o mesmo direito à vida que um ser humano desenvolvido, e deve ser preservado. E aí, reside a polémica.
As células são retiradas de embriões em estágio anterior a 14 dias e, portanto, o sistema neural ainda não começou a ser formado. A formação do sistema neural é considerada importante porque é a partir daí que o novo ser começa a ter a capacidade de sentir ou desenvolver consciência. Já os críticos destes métodos afirmam que o desenvolvimento humano é um processo contínuo desencadeado a partir da concepção, e não pode ser interrompido em momento algum.
Manipulação Genética
É do conhecimento geral que qualquer organismo animal ou vegetal é constituído por células, dentro das quais cada uma existe um núcleo, onde se encontra armazenada a informação genética em estruturas designadas por cromossomas. Os cromossomas são disposições de DNA (ver anexo 3) (ácido desoxirribonucleico) que contêm toda a informação sobre o organismo a que pertencem. Os genes, constituintes do DNA, representam cada um uma propriedade específica. A manipulação consiste em retirar os genes de uma cadeia de DNA, introduzindo no seu lugar novos genes. Uma pequena percentagem introduz-se no DNA. A partir daqui temos uma novo organismo geneticamente modificado, que irá reproduzir as características adquiridas.
Tipos de manipulação genética 
Existem de 2 tipos de manipulação genética o indirecto e o directo.  
Indireta
O tipo indirecto possibilita a um animal (ver anexo 4) diferente do humano com características compatíveis com o sistema imunológico humano, com o intuito de utilizar os seus órgãos e prevenir a rejeição dos mesmos. Os seres mais utilizados são porcos, chimpanzés, babuínos.
Directa
O tipo direto (manipulação do genoma humano) diz respeito á retirada dos genes embrionários que portam deficiências hereditárias como cancro, artrite, diabetes, cistite fibrosa, algumas formas de epilepsia, Alzheimer e pelo menos uma centena de doenças genéticas.
Num futuro próximo, este tipo de manipulação, através da descodificação do código genético humano em curso poderá possibilitar a manipulação de forma precisa dos genes dos seres humanos, de modo a realizar algo semelhante ao que se faz com as plantas e animais.
Manipulação de células nas plantas
Há muito que se produz e se consome alimentos geneticamente modificados, os transgénicos (milho, arroz, soja, morangos, etc.) um dos exemplos mais antigos desta manipulação é o Triticale, um cereal que foi criado pelo homem através do cruzamento do trigo e do centeio.
O triticale (ver anexo 5) é então um cereal híbrido, resultado da hibridação de duas espécies distintas, o trigo (Triticum aestivum L.) e o centeio (Secale cereale L.).
Apresenta rusticidade e tolerância a condições desfavoráveis de acidez do solo, em especial com referência à toxicidade de alumínio, e são bastante tolerantes ao défice hídrico, podendo ser cultivados em regiões classificadas como ecologicamente marginais à cultura de trigo. A produção de leite, ovos, aves ou suínos depende de um produto energético produzido, preferencialmente, na própria unidade de produção agrícola. Para isso, produtos como triticale tornam-se importantes, uma vez que este pode, à semelhança de milho, servir de importante fonte de nutrientes nesses sistemas de exploração.
Prós e Contras das Plantas Transgênicas
Directamente relacionadas com a polémica mundial, relativa a produção e consumo de plantas transgênicas, estão as vantagens e desvantagens das mesmas, e que tem funcionado como poderosos objectos de refutação de opiniões.
Vantagens
· Possibilidade da utilização de genes que não poderiam ser obtidos pela hibridação.
· Possibilidade de introdução de um gene específico sem a necessidade de cruzamentos e retro-cruzamentos.
· Possibilidade de diminuição do número de gerações e tempo necessário para o desenvolvimento de um novo cultivo.
· O produtor pode ser beneficiado com o uso de plantas transgénicas principalmente pela diminuição do custo de produção e do uso de agro-tóxicos.
· Resistência a insectos e pragas e doenças, o que leva a menores aplicações de herbicidas.
· Melhoria da qualidade dos alimentos.
· Colheitas mais abundantes.
· Tolerância a pressões bióticas e abióticas, que com o desenvolvimento de plantações que possuam essa resistência inata ao stress biótico ou abiótico ajudariam a estabilizar a produção anual.
· Uso de terras marginalizadas, visto que grandes áreas de terra em todo o mundo, seja nas costas, seja nas áreas internas, têm sido marginalizadas por causa de salinidade e alcalinidade excessivas.
· Produção de vacinas, anticorpos, proteínas e produtos farmacêuticos derivados de plantas transgénicas são de mais fácil acesso produção e baixo custo.
Desvantagens
. As técnicas de transformação genéticas só têm a capacidade de introduzir um ou pouco genes.
. Alteração na expressão de outros genes da planta.
. Limitada capacidade de regeneração das espécies.
. Elevação do custo das sementes.
. Aparecimento muito rápido de indivíduos resistentes a insectos e pragas.
. Aparecimento de alergias em pessoas susceptíveis.
. Aumento da população de pragas e micro organismos resistentes e/ou patogénicos.
. Aumento ou promoção de plantas daninhas resistentes a herbicidas.
. Contaminação de variedades crioulas mantidas pelos agricultores.
. Contaminação de produtos naturais como o mel.
. Diminuição da diversidade em cultivo.
. Aumento da vulnerabilidade genética.
. Dependência dos agricultores a poucas empresas produtoras de sementes.
. Produtividade e incerteza dos preços dos produtos transgénicos.
. Potencialização dos efeitos de substâncias tóxicas, visto que muitas plantas possuem substâncias tóxicas naturais para se defenderem e quando são manipulados geneticamente, os níveis dessas toxinas podem aumentar.
Manipulação de células nos animais
Os animais transgênicos são, atualmente um dos avanços mais destacáveis da Engenharia Genética. A manipulação cada vez mais frequente e bem sucedida deve-se a um longo período de descobertas na área da genética, durante o qual foram sendo aplicadas técnicas sucessivamente mais eficazes. A aplicação destas técnicas em várias áreas e com vários objectivos tem permitido a melhoria da qualidade de vida humana.
Vantagens da Manipulação Genética em Animais
De entre os contributos/aplicações das técnicas de manipulação genética em animais, destacam-se os seguintes:
. Clonagem de gado mais produtivo, por exemplo, vacas que produzem mais leite e com melhor qualidade, gado com mais carne e ovelhas que produzem mais lã. Obtém-se, assim, um maior crescimento com menor consumo de energia;
. Conservação de espécies em vias de extinção através do armazenamento de sémen congelado ou de embriões. É importante salientar que este processo é muito complicado e dispendioso e não garante o futuro de todas as espécies que se pretende conservar.
. Clonagem de animais extintos (um tema que será abordado com maior pormenor adiante);
. Realização do xenotransplante, ou seja, o polémico transplante de órgãos de animais para o ser humano. Actualmente está a ser testado o transplante de corações de porcos imuno -compatíveis com o ser humano para macacos. É necessário ter presente a grande probabilidade da transmissão de seres patogénicos para o ser humano;
. Produção de fármacos (insulina, hormona de crescimento e factor de coagulação), que podem ser obtidos do leite de vacas, cabras e/ou ovelhas transgénicas.
. Aumenta em quantidade e variedade animais modificados com características pretendidas, o que possibilitará a obtenção de melhores indivíduos para testar tratamentos de doenças humanas;
. Ajuda no entendimento nos mecanismos de proliferação e diferenciação celulares;
. Produção de proteínas com interesse terapêutico e industrial;
. Redução do número de animais utilizados em experiências laboratoriais;
. Possibilidade da utilização de animais menores geneticamente modificados em substituição de espécies geneticamente mais próximas do Homem.
Riscos da Manipulação Genética em Animais
Segundo alguns cientistas, a manipulação do genoma de animais com o objectivo de adquirir indivíduos com certas características apresenta sérios riscos para a saúde humana.
Os riscos mais polémicos são os seguintes:
. Desconhecimento de consequências a longo prazo da introdução de OGM em ambientes abertos;
. Reacções alérgicas provocadas pelo consumo de carne, leite e/ ovos provenientes de organismos geneticamente modificados;
. Redução da biodiversidade devido à aplicação de técnicas de melhoria e selecção de animais. Muitas vezes, o Homem privilegia determinadas características que não são as seleccionadas pela natureza (selecção natural). Este facto coloca em causa a sobrevivência dos indivíduos.
Manipulação Alimentar
A manipulação alimentar envolve a manipulação de células animais e vegetais. Este subtema analisa, principalmente, as consequências que ambas as técnicas acarretam.
Apesar de não ser um método consensualmente aceite, a manipulação genética dos alimentos trouxe benefícios a que muitos países não quiseram ficar alheios. Exemplo disso são os EUA, o Canadá e a China onde, em 1995, eram já comercializados diversos tipos de plantas transgénicas. Apenas dois anos mais tarde, foi a vez da União Europeia (UE) abrir as suas portas à comercialização de tomate, soja e milho geneticamente alterados.
As características de qualquer ser vivo são determinadas pelos genes contidos nos cromossomas das suas células. Durante a produção de um alimento transgénico procede-se à introdução de genes pertencentes a outras espécies que lhe conferem propriedades específicas. Moléculas de ácidos nucleícos são inseridas em vírus ou bactérias, que servem de intermediários para a obtenção do material genético que é posteriormente inserido no organismo que se pretende modificar. É também empregue a técnica de fusão celular, pela qual duas ou mais células são unidas de modo a conseguir novas combinações.
Actualmente, é possível criar espécies resistentes a determinados vírus, pragas, herbicidas ou condições climatéricas adversas. É o exemplo, do curioso caso dos morangos a cujo DNA se adicionou um gene de um peixe do Árctico, de forma a que se tornassem mais resistentes ao frio.
Encontram-se actualmente no mercado alimentos nos quais a intervenção genética se efectua a níveis distintos. Aos que são integralmente um OGM - é o caso da soja e do milho – opõem-se os que apenas incluem na sua composição elementos geneticamente alterados, como o pão produzido com fermento transgénico.
A possibilidade de pôr termo à carência alimentar que afecta mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo apresenta-se como o argumento mais aliciante para que se invista na generalização da agricultura transgénica. Muitos são também aqueles que vêem neste método uma oportunidade de aumentar a produtividade e reduzir os custos.
No extremo oposto estão opiniões mais cépticas de ambientalistas, grupos ecologistas e todos aqueles para quem a manipulação genética de produtos alimentares traz, para além das incontornáveis questões éticas, graves problemas ao nível da saúde pública e do impacto ambiental.
A resistência a antibióticos encabeça a lista dos problemas associados ao consumo de OGM’s. Para que se verifique se a implantação de um determinado gene foi bem sucedida é necessário que este seja acompanhado por um gene marcador. Este é, geralmente, resistente a um antibiótico. Uma vez que a transferência genética se faz por intermédio de vírus ou bactérias, dá-se muitas vezes origem a uma estirpe contra a qual o antibiótico perde parte da sua eficácia e que se pode tornar patogénica para o ser humano.
De igual modo, as alergias emergem como um potencial risco para aqueles que incluem os alimentos transgénicos na sua dieta. A criação de OGM’s pode levar ao aparecimento de novas substâncias provocadoras de alergias ou à sua transferência de um alimento para outro. Como tal, e dada a deficiente ou inexistente rotulagem da maioria dos produtos, os consumidores mais incautos poderão ingerir uma substância a que são alérgicos sem disso terem conhecimento.
Por fim, o consumo de transgénicos acarreta ainda a possibilidade de intoxicação inesperada, quer pela presença de novas toxinas, quer pelo aumento do nível das já existentes.
A agricultura transgénica constitui ainda uma ameaça à biodiversidade. Dada a maior capacidade das culturas geneticamente alteradas de sobreviverem em condições hostis, estas podem sobrepor-se às culturas tradicionais levando à sua extinção. É também possível que ocorra o cruzamento não controlado entre espécies modificadas e naturais, dando origem a variedades com características imprevistas.
A agricultura transgénica é, ainda, uma forte ameaça às economias dos países de terceiro mundo. Produtos como o cacau ou a cana-de-açúcar, que constituem uma parte considerável das suas exportações, poderão vir a ser substituídos pelos seus congéneres transgénicos produzidos nos EUA ou na Europa.
Transgênicos versus OMG
OMG e transgênicos são conceitos comumente confundidos. Tal equívoco pode decorrer da forma como os meios de comunicação social se referem aos conceitos. Ora se diz Transgênicos, ora se diz Organismos Geneticamente Modificados. Quem assimila as informações é incapaz de discernir a diferença entre os conceitos.
OGM é a sigla de Organismos Geneticamente Modificados que são organismos manipulados a nível genético, de modo a favorecer certas características desejadas. Estes organismos possuem alterações em algumas partes do código genético. Apesar de, na maior parte das vezes em que se fala de organismos geneticamente modificados estes sejam transgênicos, tal não significa que os dois conceitos sejam sinônimos. Todos os transgênicos são organismos geneticamente modificados, mas nem todos os organismos geneticamente modificados são transgênicos.
Os transgênicos consistem em organismos cujo material genético foi alterado, inserindo um novo gene ou alterando os genes existentes, de modo a que seja produzida uma nova enzima ou proteína, que irá conferir ao organismo novas características, em princípio, mais proveitosas para o homem. Estes genes são provenientes de todo o tipo de seres vivos, e não têm necessariamente de ser provenientes de indivíduos de espécies aparentadas. Estas alterações no material genético são efectuadas através de uma série elaborada de técnicas laboratoriais. Por outro lado, um organismo geneticamente modificado não recebe nenhuma região de código genético de outro ser. Por exemplo, uma bactéria pode ser modificada para expressar mais vezes uma determinada proteína. Contudo isto não significa que esta bactéria seja transgénica, antes pelo contrário, trata-se apenas de um OGM, já que não foi necessário inserir material genético esterno. 
Concluindo, sempre que há inserção de DNA exógeno num organismo, este passa a ser transgênico.
Industria Biológica
Os negócios em torno do DNA transformaram-se numa industria altamente rentável em todo o mundo. O melhoramento genético das plantas permite-lhes adicionar características nutricionais, que de outra forma não seriam produzidas pela natureza. A introdução nas plantas de um gene conferindo resistência a determinado herbicida, permite que, quando se espalha o herbicida, se extermine apenas a vegetação nociva e não a portadora do gene resistente.
Projeto Genoma Humano
Iniciado em 1986, o Projeto Genoma Humano (PGH) pretende descobrir a localização dos cerca de trinta a quarenta mil genes humanos, nos 23 pares de cromossomas, ou seja, fazer a sua cartografia. Além disso, ambiciona conhecer a sua composição, tendo como objectivo último ordenar os cerca de 3,2 mil milhões de bases químicas que compõem todo o nosso DNA, ou seja, o genoma.
Este projeto foi lançado por um consórcio público internacional, dirigido pelo norte-americano James Watson, prémio Nobel da fisiologia e da medicina em 1962. Em co-autoria com Francis Crick e Maurice Wilkins, identificaram a estrutura em dupla hélice do DNA. Em 1993 é Francis Collins, investigador e professor na Universidade do Michigan, em AnnArbor, que passa a dirigir o projeto. Deixa o seu laboratório onde investiga uma doença genética, a fibrose quística, e lança-se no desafio da “corrida” ao conhecimento do genoma humano.
O Projeto integra vários centros de investigação nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Japão. No princípio, o consórcio investiu na automatização da sequenciação, isto é, foram construídos robots, que constituíram a participação japonesa no projecto, e desenvolvidos programas informáticos e computadores altamente eficientes, para analisar a avalanche de dados que iriam surgir.
O anúncio no início do ano 2001 da determinação da sequência completa do genoma humano inaugura uma nova fronteira da ciência. O ser Humano entra num novo mundo, ao mesmo tempo, fascinante e assustador. A ideia de mapear o genoma levantou desde o seu início em 1985 uma série de controvérsias.
Preocupações
Alguns dos fundadores do Projeto do Genoma Humano têm feito afirmações grandemente exageradas, que o Projeto do Genoma Humano nos levará a compreender, ao nível mais fundamental, o que é ser humano. Há contudo uma legítima preocupação de que semelhante ênfase posto na constituição genética da humanidade possa distorcer o nosso sentido dos valores, e levar-nos a esquecer que a vida humana é mais que a mera expressão de um programa genético inscrito na química do DNA.
Se devidamente aplicado, o novo conhecimento gerado pelo Projeto do Genoma Humano pode libertar a humanidade do flagelo terrível de várias doenças. Mas se o novo conhecimento não for usado sensatamente, ele encerra também a ameaça de criar novas formas de discriminação e novos métodos de opressão. Ninguém estará imune, porque todos fomos formados pela herança genética que recebemos dos nossos pais. Muitas características, como a altura e a inteligência, não resultam apenas da ação dos genes, mas de subtis interacções dos genes com o meio. Quais seriam as implicações se a humanidade compreendesse, com precisão, a constituição genética que, dado um mesmo ambiente, predispões um indivíduo para uma inteligência mais elevada que outro indivíduo cujos genes estivessem dispostos de modo diferente? O Projeto do Genoma Humano contém a promessa de que, em última análise, poderemos ser capazes de alterar a nossa herança genética se assim o desejarmos. E aí surge o principal problema moral: como poderemos garantir que, quando escolhermos, escolhemos correctamente? Que semelhante potencial é uma promessa e não uma ameaça?
Já uma vez no século passado a implacável curiosidade dos investigadores científicos revelou forças da natureza cujo domínio moldou o destino das nações e ensombrou as vidas de todos nós. J. Robert Oppenheimer, o criador da bomba atómica, declarou:
Sabíamos que o mundo não voltaria a ser o mesmo…
Ao criar uma arma de destruição maciça, Oppenheimer concluiu que:
... os físicos conheceram o pecado; e esse é um conhecimento que não conseguirão perder.
As opções que se colocam perante os geneticistas são menos precisas, mais subtis, e implicam o risco de, ao tentar fazer o bem, nos empurrar inadvertidamente para o pecado.
Consequências
Novas e mais variadas opções
Uma vez conhecido o programa inscrito pela natureza nos nossos genes, a tentação de alterar algumas coisas aqui e ali podem ser muito bem irresistível. Se a questão moral fundamental é a da escolha, de escolher correctamente entre as novas opções que o Projecto do Genoma Humano abrirá então a primeira tarefa essencial é identificar devidamente quais serão essas opções. Estaremos realmente no limiar do "supermercado genético'', por exemplo, em que os futuros pais podem vir comprar as características que gostariam de ver nos seus filhos?
Contudo, em algumas sociedades, em que são preferidas as crianças do sexo masculino, os pais já têm recorrido à tecnologia actualmente disponível para determinar o sexo de um feto e abortar selectivamente os do sexo feminino.
Podem, futuramente, seleccionar-se os fetos de acordo com os genes da inteligência. Os pais que acharem desadequada a combinação genética, abortam e evitam problemas e nível da formação escolar dos filhos, por exemplo.
A discussão sobre a inteligência tem-se centrado até agora apenas nas motivações e acções dos indivíduos como futuros pais. A sociedade pode estar também interessada, com o fundamento que houvesse muito mais pessoas inteligentes. Mais isto envolve dois perigos. Um deles é a questão elementar de que, tal como as pessoas, o carácter humano é mais do que a inteligência. O "valor'' de um ser humano, tanto moral como pessoal ou social, depende de muito mais que a sua capacidade intelectual. Há a tendência para definir a inteligência de um modo relativamente restrito, geralmente em relação com a aptidão escolar. Em termos da contribuição que um indivíduo pode dar à sociedade no seu conjunto, há outros traços tão importantes, se não mais.
A segunda objeção a qualquer envolvimento da sociedade em geral em tal assunto baseia-se na questão de saber quem deve controlar semelhante tecnologia e decidir quais as crianças que devem nascer mais inteligentes que a média.
A sociedade e o Estado podem, obviamente influenciar de muitos modos a decisão, mas isso é diferente de ditar qual deve ser a decisão. Permitir a intromissão do Estado ou da comunidade nesta área da vida privada com o objectivo de determinar os níveis de inteligência dos filhos de cada um, representa seguramente una intrusão a que a maioria deseja resistir. Mas a tecnologia para a conseguir uma descendência seleccionada será dispendiosa e o seu racionamento será inevitável. Se as decisões forem deixadas aos casais, então o racionamento será feito com base no preço e os ricos terão acesso preferencial. Por muito injusto que isso seja, pode ser preferível ao racionamento imposto pelo Estado.
A seleção das características dos filhos não se limita necessariamente à inteligência. Alguns progenitores podem começar a praticar o aborto seletivo por razões insignificantes por exemplo, para terem filhos com olhos azuis em vez de castanhos.
Uma sociedade em que tais coisas possam acontecer, mesmo raramente, pode parecer profundamente desagradável, com a vida humana reduzida a pouco mais do que uma especificação genética e os pais a desejarem não já o melhor para os seus filhos, mas a calcularem como obter o melhor filho. É difícil imaginar que este procedimento ofenda ou prejudique alguém: pelo contrário, todos parecem beneficiados. As únicas ``pessoas'' prejudicadas são os fetos a quem não foi permitido nascer.
Devido à tentação de fazer mau uso de todos os novos conhecimentos, a sociedade deve decidir se precisa de estabelecer regras que impeçam os investigadores até de investigarem certos caminhos.
Poder Econômico
A comercialização dos produtos de Projeto do Genoma Humano será pelo menos tão importante e levantará no mínimo tantos problemas de política e de moral pública como qualquer outro aspecto do projecto. Enquanto os geneticistas podem procurar todos os 30000 genes humanos com o mesmo interesse, alguns deles serão comercialmente mais importantes do que outros. A menos que sejam tomadas medidas antecipadamente, podemos vir a encontrar-nos na situação paradoxal de ter de enfrentar graves problemas sociais resultantes da abundância de uma proteína "cosmética'' resultante de um gene (por exemplo, aquele que pretensamente faz aumentar o QI), enquanto continua o sofrimento humano porque ninguém está interessado em produzir medicamentos para tratar algumas doenças hereditárias. Os problemas morais surgem quando a terapia genética é aplicada não ao tratamento de uma doença reconhecida como tal, mas ao reforço de traços existentes, não para corrigir erros da Natureza, mas para melhorar a Natureza.
Mesmo sem estas considerações comerciais, o rastreio genético e o aborto selectivo criam por si mesmos novos problemas, porque se uma determinada doença se torna cada vez mais rara, poderá haver menos interesse para ela. Grande parte da investigação médica depende da caridade para obter fundos, e as instituições de caridade poderão ter maiores dificuldades em angariar dinheiros se houver menos casos de doença. Em última análise, muito do novo conhecimento gerado pelo Projecto do Genoma Humano traduzir-se-á em produtos lucrativos vendidos no mercado. Serão os princípios morais ou as considerações comerciais a decidir quais as descobertas a serem exploradas? Embora a moral e o comércio não estejam necessariamente em conflito, a questão das patentes sobre as sequências genéticas mostrou já as tensões existentes.
Privacidade e Seguros
Numa sociedade que respeite o direito à privacidade e à propriedade privada, haverá coisa mais pessoalmente privada do que a constituição do indivíduo? Pode-se portanto dizer que a informação sobre a constituição genética de uma pessoa deve permanecer do seu domínio privado. Mas a questão não é assim tão óbvia. As companhias de seguros existem para obter lucros, e fazem-no seleccionando as pessoas que seguram com base na perspectiva estatística de que os seleccionados são mais saudáveis que a média. Se alguém representa um risco mais elevado, a resposta é ou a recusa pura e simples do seguro, ou o aumento dos prémios. Todo o seguro é uma aposta. Se eu sei que tenho predisposição genética para uma doença cardiovascular, mas a companhia de seguros não sabe, estou em condições de mudar os dados da aposta: posso obter um seguro muito mais favorável. Por outro lado, a seguradora também pode tentar distorcer as estatísticas, recusando-se a cobrir as pessoas diagnosticadas como portadoras de um risco genético. Em tal circunstância, alguns observadores acham que a única via para ficar coberto seria arranjar um emprego que incluísse uma pensão profissional e em que não houvesse testes genéticos.
O Projeto do Genoma Humano é, em primeiro lugar e antes de mais nada, um programa de investigação para descobrir novos conhecimentos sobre a genética humana, e por isso a primeira questão a encarar é a da manipulação desse conhecimento prende-se com quem terá o direito a possuir informação sobre o DNA humano e quem deverá ter acesso a essa informação. À primeira vista, pode parecer que não há propriedade mais privada, nem informação mais pessoal e confidencial, que o esquema genético de um ser humano. Mas um momento de ponderação mostrará que isso não é verdade. Caso eu seja portador de uma doença genética potencialmente fatal que só se manifestará daqui por duas décadas, a minha futura cônjuge terá certamente o direito de saber isso agora, no interesse dos filhos ainda por nascer. Num futuro próximo pudemos ter que mostrar os nossos testes genéticos ás seguradoras. Haverá possibilidade de ocorrer rejeição por termos combinações genéticas menos favoráveis? O diagnóstico genético produz também novos conhecimentos, neste caso não uma compreensão genérica da hereditariedade humana, mas informação específica sobre a herança genética de um indivíduo. Também aqui há problemas do direito de acesso a essa informação: pessoa portadoras de um gene anómalo podem estar em risco de gerar filhos com a correspondente doença, ou de vir a desenvolvê-la mais tarde. O aspecto decisivo é que o diagnóstico genético será feito meses, anos, e por vezes décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Isso coloca um fardo quase intolerável de previsão sobre os ombros dos futuros pais. Trará implicações caso o diagnóstico é feito antes do nascimento da criança, ou do indivíduo, ou o exame é efectuado num adulto em risco de contrair a doença mais tarde. Serão situações que vão condicionar a vida do indivíduo para sempre.
Discriminação
Existe hoje, já um certo tipo de discriminação genética nos locais de trabalho. O defeito hereditário do daltonismo é um interessante exemplo, por ter sido detectado muito antes da invenção dos métodos modernos de análise molecular. Alguns empregos são interditos a pessoas com essa anomalia: nenhum daltónico pode ser piloto de aviões comerciais. Aparentemente, esta parece uma boa razão para dizer que a constituição genética de uma pessoa não pode ser sua propriedade confidencial, afinal, é do interesse público que os aviões sejam pilotados com segurança e a incapacidade para distinguir o vermelho e o verde pode constituir um obstáculo sério. Mas o que importa aqui não é o facto de o portador do gene estar excluído de um determinado emprego, e sim que a exclusão surge porque a anomalia está efectivamente expressa: é a real incapacidade que leva à interdição. A companhia aérea está interessada no efeito, não na causa, e o facto de o efeito poder denunciar parte da constituição genética do indivíduo é informação irrelevante.
A discriminação genética deste tipo é aceite por duas razões: uma porque a incapacidade afecta a segurança dos outros. A outra, simplesmente porque esses exemplos são extremamente raros, porque o nosso conhecimento das anomalias genéticas é relativamente escasso.
Existem diferenças genéticas como a cor da pele, que têm estado associadas a enormes diferenças sociais e económicas. Há ainda outras características humanas, como a inteligência ou a orientação sexual, que têm sido consideradas como sendo determinadas geneticamente (embora as provas sejam extremamente controversas), e aqueles que não são conforme as normas ou expectativas da sociedade são severamente prejudicados e discriminados em muitas sociedades. Os potenciais empregados podem ser seleccionados mediante a sua não susceptibilidade a determinada doença profissional. Isto pode ser usado de forma a prevenir que indivíduos mais susceptíveis a determinado risco não sejam colocados em locais perigosos, beneficiando assim os trabalhadores. Por princípio os locais de trabalho devem ser melhorados de forma a não prejudicar os trabalhadores, e não, escolher os trabalhadores de forma a não ser necessário melhorar o ambiente de trabalho.
Conclusão
Os avanços no campo da bioquímica e da engenharia genética trouxeram profundas alterações na forma como o Homem passou a encarar a natureza. As recentes técnicas de selecção e manipulação de genes têm vindo a ser aplicadas em diversas áreas e a agricultura não é excepção.
O objetivo do processo de mutação genética é chegar a um organismo cujas características sejam aquelas que mais interessem ao produtor ou à sociedade. De acordo com a definição adoptada na UE, um Organismo Geneticamente Modificado (OGM) é “um organismo cujo material genético tenha sido modificado de uma forma que não ocorre por comportamentos e/ou recombinação natural”.
Por entre avanços e recuos, com a ética e os códigos deontológicos a impedirem maiores avanços assiste-se na actualidade a verdadeiros fóruns a nível mundial de qual o papel a desempenhar pelas temáticas abordadas, deverá a manipulação genética avançar ou por seu turno, deverão ser resfriado todos os ímpetos que levem ao prolongamento da vida humana? Estas dúvidas, nem com a realização do presente trabalho, nem com o recurso e leitura atentas de vários artigos científicos consegui obter uma opinião de cariz consensual, sendo que, a minha opinião estritamente pessoal, leva-me a concluir que a manipulação genética deverá prosseguir os fins pelos quais foi concebida para, dessa forma, a cura de doenças, a criação de novos e mais eficazes medicamentos, entre outras vantagens elencadas no presente trabalho, sejam uma realidade.
Fonte: http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/filosofia/11_manipulacao_genetica.htm 

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