SUPLEMENTOS DE CREATINA FAZEM MAL?
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Fonte mdsaude
Suplementos de creatina começaram a ser usados por desportistas no
início da década de 1980, ganhando grande popularidade na década
seguinte após extensa divulgação na mídia do seu uso por atletas
ganhadores da medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona em 1992.
Atualmente
nos E.U.A cerca de 50% dos atletas universitários, 25% dos jogadores de
basquetebol da NBA e 50% dos profissionais do futebol americano,
referem consumir creatina regularmente para otimização do desempenho
esportivo.
Suplementos de creatinaÉ bom deixar claro que a creatina não é um esteroide anabolizante, popularmente conhecido como “bomba”Também não é considerado doping por nenhuma organização internacional, incluindo o comitê olímpico internacional.
Antes
de falarmos dos efeitos deste suplemento, sejam eles benéficos ou não,
vamos entender o que é a creatina e qual a lógica por trás do seu uso,
seja na academia do seu bairro ou por desportistas em competições
internacionais.
O que é creatina?
A creatina é uma substância produzida a partir de 3 aminoácidos, estando presente em todos os animais vertebrados. Nosso corpo, sejamos atletas ou não, produz creatina através de
proteínas consumidas na alimentação. A creatina é sintetizada nos rins e
fígado, sendo transportada para ser armazenada nos músculos.
A
principal função da creatina é fornecer energia para a contração dos
músculos. Nas próximas linhas vou tentar simplificar um mecanismo
fisiológico complexo. É importante ler com calma a próxima parte para
pode entender por que a creatina funciona para alguns atletas e não para
outros.
Como funciona a creatina?
Como todo mundo
sabe, os nossos músculos precisam de energia para funcionar. Esforços
explosivos com demanda de força máxima do músculo, como no levantamento
de peso ou na corrida de 100 metros rasos, são feitos através de um
sistema energético chamado de fosfagênio.
A energia para os
chamados esforços explosivos é fornecida após uma reação química onde um
nucleotídio (compostos ricos em energia) chamado adenosina trifosfato
(ATP) perde uma molécula de fósforo virando adenosina difosfato (ADP).
Cada vez que um ATP é transformado em um ADP, há liberação de uma
quantidade de energia que é usada pelo músculo para se contrair.
Imagine-se agora em uma academia de musculação. Você está em repouso e
seu músculo está repleto de ATP. Você então, começa a fazer um
exercício muscular com algum peso. O seu ATP muscular começa a ser
quebrado rapidamente em ADP, liberando energia para que o seu músculo
aguente o peso. O seu esforço é tão grande que em poucos segundos você
consome todo o seu ATP e, a partir de então, já não consegue mais
levantar o peso proposto. Você agora precisa descansar um pouco e
esperar que os músculos voltem a ficar repletos de ATP.
Mas aonde
entra a creatina nesta história? A creatina é a substância que mais
rapidamente consegue fornecer de volta a molécula de fósforo,
transformando o ADP novamente em ATP.
O nome correto da creatina é
fosfocreatina. Neste processo de restauração do ATP, a fosfocreatina
perde sua molécula de fósforo sendo posteriormente transformada em
creatinina, uma molécula sem função que acaba sendo eliminada na urina.
Como a creatinina é completamente eliminada pelos rins, ela serve como
um marcador da função renal. Quando a creatinina começa a se acumular no
sangue significa que os rins não estão trabalhando bem.Creatina + ATP
Na
verdade, em esforços grandes e explosivos todo o ATP muscular é
consumido em aproximadamente 3 segundos. Graças a creatina o músculo
consegue prolongar seus estoques de ATP por pelo menos 10 segundos. Após
esse tempo toda a creatina disponível é convertida em creatinina, e o
ADP já não é mais imediatamente convertido em ATP.
Surge então, o
segundo modo de se produzir ATP, através do consumo dos estoques de
glicose muscular (glicogênio) sem oxigênio. Este modo não restaura o ATP
rápido o suficiente para exercícios de máxima utilização muscular que
gastam ATP em ritmo frenético. Porém, para exercícios do tipo jogar
futebol, nadar, ou corridas de média distância, ele é mais do que
suficiente.
O terceiro e último modo de se criar energia é através
do consumo de glicose com oxigênio. Este é o modo usado nas atividades
aeróbicas, como correr, pedalar ou nadar em ritmo cadenciado. Nestas
modalidades o consumo de ATP é bem mais lento e, por isso, sua reposição
também pode ser mais lenta.
Na verdade sempre existe uma
interposição entre os 3 sistemas. Quando se joga futebol, por exemplo,
acabamos por utilizar os 3 mecanismos em momento diferentes da partida.
Porém, essa é uma atividade que usa predominantemente o consumo de
glicose como modo de se gerar ATP. Na musculação, onde os exercícios
duram poucos segundos, usamos basicamente o sistema da creatina.
Suplementos de creatina funcionam?
Baseado no que foi
explicado acima é fácil entender a lógica por trás da suplementação de
creatina. Se houver mais creatina disponível no corpo, maior será o
tempo que o sistema fosfagênio (ATP+creatina) consegue manter a geração
de energia para atividades esportivas explosivas.
A história da
creatina é muito bonita e faz todo o sentido, mas a ciência é feita com
comprovação prática das teorias. E aí surgem as primeiras controvérsias.
Os
primeiros trabalhos apresentavam resultados conflitantes. Enquanto
alguns pesquisadores conseguiam demonstrar ganhos efetivos de massa
muscular e rendimento com os suplementos de creatina, outros não
conseguiam apresentar os mesmos resultados. Na verdade esses resultados
discrepantes ocorriam porque existiam muitas diferenças entre os grupos
analisados, seja na idade, tempo de treinamento, tipo de esporte
praticado etc…
Atualmente, após quase 20 anos de investigação, já
há algum consenso entre os pesquisadores. A creatina parece sim
proporcionar real ganho de massa muscular quando associado a um programa
rotineiro de musculação. Porém, até 20% da pessoas, não se sabe bem por
que, não apresentam nenhum benefício com esse suplemento. Os efeitos em
mulheres e homens mais velhos são menos evidentes.
Também não há
evidências claras de benefícios para atividades que não usam
predominantemente o sistema fosfagênio (ATP+creatina). Entre elas
podemos citar: corrida (exceto 100 e 200 metros rasos), natação e
ciclismo.
A creatina é normalmente vendida sob a forma de creatina monoidratada.
Efeitos colaterais da creatina
Um dos grandes atrativos da creatina é o rápido efeito visual do
produto. Em 1 semana já há ganho de peso e algumas pessoas realmente
parecem apresentar algum grau de hipertrofia muscular. Porém, um ganho
tão rápido costuma indicar apenas retenção de líquidos, o que pode
ocorrer em suplementos de creatina que possuem elevado teor de sódio.
Apesar
de ainda não haver estudos definitivos, os suplementos de creatina,
quando de boa qualidade e usados na dose recomendada, não parecem estar
associados a nenhum efeito colateral importante em indivíduos saudáveis.
Já
é comprovado cientificamente que excesso de aminoácidos e proteínas
causam aceleração da perda de função dos rins em pacientes com
insuficiência renal crônica por isso, o uso de creatina nestes pacientes é contraindicado. Na
verdade, como ainda existem poucos estudos sobre a segurança dos
suplementos de creatina, seu uso é desaconselhado em pessoas que não
sejam completamente saudáveis.Os efeitos colaterais mais comuns da creatina são náuseas, diarreias, câimbras e desidratação. Existe ainda a hipótese de uma relação entre o consumo de creatina e aumento na incidência de cálculos renais.
Em pessoas com asma, a creatina pode causar exacerbações da doença.
Conclusão em relação aos suplementos de creatina
A
creatina proporciona sim, ganho de performance e massa muscular para
atividades de explosão muscular anaeróbicas. Porém, é necessário um
programa de treino regular. É importante frisar que o produto não é
livre de efeitos colaterais, e não são todas as pessoas que conseguem
obter vantagens com o seu consumo.
Atualmente o consenso é de que a
creatina em doses até 20g por dia não faz mal a saúde, porém, ainda não
há evidencias inequívocas de sua segurança a longo prazo. A creatina
deve preferencialmente ser tomada com supervisão de um médico
especializado em atividades esportivas e um profissional de educação
física.
Formulações de baixa qualidade e pouco controle técnico podem apresentar impurezas potencialmente danosas ao organismo.
0 comentários:
Postar um comentário