DPOC: 5ª causa de morte no País
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Fonte:http://www.einstein.br/einstein-saude/pagina-einstein/Paginas/dpoc-5-causa-de-morte-no-pais.aspx
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o cigarro mata mais de 5 milhões de pessoas por ano, sendo a principal causa de morte evitável em todo o mundo. O tabaco pode levar ao câncer, às doenças cardiovasculares e está intimamente relacionado à doença pulmonar obstrutiva crônica, conhecida pela sigla DPOC, um espectro de doenças da qual fazem parte o enfisema e a bronquite crônica.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o cigarro mata mais de 5 milhões de pessoas por ano, sendo a principal causa de morte evitável em todo o mundo. O tabaco pode levar ao câncer, às doenças cardiovasculares e está intimamente relacionado à doença pulmonar obstrutiva crônica, conhecida pela sigla DPOC, um espectro de doenças da qual fazem parte o enfisema e a bronquite crônica.
Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, oito milhões de brasileiros acima dos 40 anos são vítimas dessa doença. Considerada atualmente a quinta causa de óbito no País, ela é responsável pela morte de cerca de 40 mil pessoas ao ano – o equivalente a um indivíduo a cada quatro horas. E o dado mais preocupante: o tabagismo é a principal causa das DPOCs, principalmente do enfisema pulmonar, sendo responsável por 90% dos casos.
“Fumantes de mais de 20 cigarros por dia vão apresentando, ano após ano, pelo hábito diário de fumar, a destruição do parênquima pulmonar”, explica a Dra. Carmen Sílvia Valente Barbas, médica intensivista e pneumologista do Einstein. Os demais casos estão relacionados à exposição prolongada à poluição e fumaça proveniente da queima de madeira (no caso do uso de fogões à lenha).
As substâncias tóxicas presentes na fumaça dão início a um processo inflamatório do tecido e inibem as substâncias protetoras do pulmão, agredindo esse órgão e, ao mesmo tempo, evitando que ele se defenda. Há destruição das paredes entre os alvéolos pulmonares, uma estrutura microscópica onde é realizada a troca de oxigênio e gás carbônico, ou seja, onde a respiração realmente acontece. As fibras elásticas, responsáveis pela expiração e situação de repouso do pulmão também são danificadas. “A pessoa perde tanto a superfície de troca de gases, quanto a capacidade de retração das fibras elásticas, esta última uma estrutura muito importante para a expiração”, esclarece Dr. Ricardo Borges Magaldi, pneumologista do Einstein.
Esse mecanismo resulta em respiração ofegante e cansaço ao fazer esforço, como subir escada ou ladeiras, dois dos sintomas clássicos do enfisema pulmonar. Com o tempo e sem tratamento, a situação progride, prejudicando as atividades diárias e a qualidade de vida. “As pessoas demoram para procurar um médico, acham que aquela situação é passageira e vão se acomodando, o que atrasa o diagnóstico”, alerta o Dr. Ricardo.
O diagnóstico é feito por meio de um exame simples chamado espirometria: a pessoa assopra em um aparelho ligado a um computador, que irá analisar a função pulmonar e detectar possíveis alterações. Exames de imagem, como radiografia do tórax e tomografia computadorizada, também são necessários para avaliar a doença.
Não há cura para o enfisema, mas é possível controlá-la. “O primeiro e sem dúvida o mais importante tratamento da DPOC é a orientação e ajuda para o paciente parar de fumar”, alerta a Dra. Carmen. Com esta medida, reduz-se a evolução da doença. A terapia geralmente é completada com o uso de medicamentos, como broncodilatadores (dilatam os brônquios, aumentando o fluxo de ar) e corticosteroides para diminuição da falta de ar, e em alguns casos, fisioterapia de reabilitação pulmonar.
Além disso, outro enfoque importante para os casos mais graves é a administração de oxigênio nasal contínuo. “Como existe uma dificuldade na captação do oxigênio, é preciso aumentar a concentração deste gás chegando aos alvéolos pulmonares. Isso pode mudar a mortalidade e o prognóstico da doença”, explica Dr. Ricardo.
A redução da oxigenação do sangue predispõe o paciente a problemas cardiovasculares, já que, ao tentar otimizar o fluxo de oxigênio, pode ocorrer elevação da pressão da artéria pulmonar, sobrecarregando o coração e levar à insuficiência cardíaca.
Em alguns casos e respeitando os critérios estabelecidos pelo protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da DPOC aprovadas pelo Ministério da Saúde, o médico pode optar pela cirurgia de redução de volume pulmonar: partes do enfisema, geralmente localizado na área superior, são ressecadas, melhorando o esvaziamento do pulmão e a posição do diafragma, músculo principal da respiração.
Para aqueles que, apesar de terem largado o hábito de fumar e estarem sob tratamento, ainda apresentam evolução desfavorável com piora progressiva da função respiratória, pode ser indicado o transplante. O enfisema representa 55% de todas as indicações para transplante pulmonar no País segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), mas essa é uma terapia de exceção.
Bronquite
Além do enfisema, faz parte das DPOCs a bronquite obstrutiva crônica, uma evolução da inflamação das vias aéreas conhecidas como brônquios e caracterizada por inchaço dessas estruturas, e hipertrofia da camada muscular pulmonar. Por isso, os principais sintomas são dificuldade respiratória, falta de ar, tosse e produção de secreção (muco) espessa. É essencial diagnosticá-la precocemente por meio dos mesmos exames utilizados para o enfisema. “A história de tosse por mais de três meses por dois anos consecutivos pode ajudar no diagnostico de bronquite crônica”, afirma Dra. Carmen.
O tratamento é muito semelhante ao do enfisema: abandonar o tabagismo e utilização de broncodilatadores de longa duração e corticosteroides para alívio do chiado e da falta de ar.
Novidades
Recentemente, surgiram novos tipos de broncodilatadores, que têm longa duração e menos efeitos colaterais. Além disso, em casos de enfisema localizado, há a possibilidade de colocação de válvulas endobronquiais (dentro dos brônquios) a fim de auxiliar na redução da quantidade de gás dentro do órgão, melhorando o trabalho respiratório. “Ainda é um procedimento muito novo, bem no início ainda, no começo do uso clínico”, esclarece Dr. Ricardo.
Antitabagismo
Medidas antitabagistas, como a restrição ao fumo em ambientes fechados e a veiculação de imagens de impacto nos maços, buscam conscientizar a população dos malefícios do cigarro e promover uma consequente melhora na saúde. Largar o vício ainda é a forma mais eficaz de evitar o aparecimento das DPOCs. “Parar de fumar em qualquer época da vida reduz os riscos de doenças relacionadas ao cigarro”, enfatiza Dr. Ricardo.
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